Ex-aluno conquista 1º lugar no Enem no Estado

Se ser aprovado no vestibular, independente do curso, já é uma grande conquista, imagina ser aprovado com uma excelente colocação. Foi o que aconteceu com o nosso ex-aluno Paolo Gripp Carreño, de 18 anos, que ficou em 1º lugar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Espírito Santo e em 52º lugar no Brasil!

Paolo colhe os bons frutos que foram plantados ao longo de toda a sua vida escolar. Muito dedicado e esforçado, o universitário atualmente cursa Medicina na Universidade de São Paulo (USP) e afirma que cada aluno precisa conhecer qual método de estudo funciona melhor para ele.

Neste bate-papo, Paolo fala sobre o seu desempenho, o início das aulas na USP, os desafios como estudante, como está lidando com a pandemia e muito mais! Confira a primeira parte da conversa que tivemos com ele.

 

Parabéns, Paolo! Você nos enche de orgulho!

 

-Nota final

“A nota final, a média com a qual você concorre a uma vaga na universidade, depende bastante de cada instituição e de cada curso. Primeiro o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulga as notas que você teve em cada área do conhecimento. Depois, com base nessas notas, o próprio sistema do SiSU (Sistema de Seleção Unificada) já calcula as médias ponderadas, utilizando os pesos estabelecidos pelas instituições, conforme o curso. É possível que, com as mesmas notas, devido a pesos diferentes, você tenha médias finais diferentes, dependendo de cada curso.

Se você está tentando entrar em um determinado curso, é bom ver antes quais são os pesos nas instituições onde você cogita estudar, pois a nota final depende bastante disso.”

 

-Pesos de cada área

“Para Medicina na USP, os pesos são 4 para Ciências da Natureza, 3 para Matemática e 2 para Linguagens Humanas e Redação. Então, nesse caso, vale muito mais a pena estudar Matemática do que Redação. Na Ufes, os pesos são diferentes e vale mais a pena estudar Redação do que Matemática.

Com os pesos para Medicina na USP, minha nota ficou 823,86. Na UFRJ, seria 840,81. Seu eu tivesse colocado Medicina na Ufes no SiSU, minha nota seria 821,63, ou seja, eu teria ficado em 1º lugar no curso.

Para um curso de Exatas, minha nota aumentaria muito, pois quase fechei a prova de Matemática e também porque a TRI (Teoria de Resposta ao Item) normalmente valoriza muito mais essa disciplina do que outras áreas. Se eu tivesse colocado no SiSU Engenharia da Computação na Ufes, por exemplo, eu teria ficado com 874,91, o 1º lugar geral.

Ou seja, os pesos influenciam na nota que você alcança e podem ajudar a definir uma estratégia melhor para você se preparar para o vestibular.

Como a nota final depende dos pesos, ela varia muito dependendo do curso e da universidade em que você está tentando ser aprovado. Considerando todas as áreas com o mesmo peso, somando tudo e dividindo por cinco, minha média aritmética simples foi de 820,16. Essa média simples é utilizada para avaliar o ranking de escolas e de alunos. Foi nesse caso que fiquei em 1º lugar no Espírito Santo e em 52º lugar no Brasil.”

 

-Nota na Redação

“Fiquei com 960 na Redação do Enem. Já na Fuvest, fiquei com a nota máxima, assim como na Unicamp. Não fiz nenhum cursinho de Redação, me preparei apenas na ESD. Essa é a única área do conhecimento no Enem que tem notas mínimas e máximas definidas, indo de 0 a 1.000. Normalmente, outras áreas do conhecimento, referentes às áreas objetivas da prova, nem chegam perto de mil, à exceção de Matemática, que costuma ficar um pouquinho abaixo. Inclusive, no Enem de 2015, quem acertasse as 45 questões de Matemática ficaria com 1.008,3 pontos, o que mostra como a disciplina é muito valorizada pela TRI.

Considerando os dados do Enem de 2019, quem acertou 45 questões de Matemática ficou com 985,5 pontos. Eu acertei 44 e fiquei com 985,0, já que a questão que eu errei provavelmente foi muito pouco valorizada pela TRI.

Já a nota máxima de Ciências da Natureza, para quem acertou as 45 questões, foi 860,9; para Humanas, 835,1; e para Linguagens, 801,7. Isso significa que, focando em Redação, você conseguiria tirar 1.000, o que é muito mais do que conseguiria focando em Linguagens, Humanas ou Ciências da Natureza e acertando todas as questões dessas áreas.”

 

-Importância da redação

“O aperfeiçoamento da escrita, o desenvolvimento de uma prática de leitura, a formação de um senso mais crítico e de uma melhor capacidade argumentativa e o aprimoramento de um raciocínio lógico, que te permita encadear melhor as ideias e estruturar uma boa progressão temática, são aspectos que você consegue treinar muito bem com a redação e que são muito úteis ao longo da vida.

Tenho percebido muito isso na universidade. Por ter treinado essas habilidades ao longo da minha vida escolar, isso tem me ajudado muito não só a entender melhor um artigo científico ou a escrever melhor um texto, mas também conseguir expor de uma forma mais precisa o que eu penso, me comunicar melhor com as pessoas, algo que a gente precisa constantemente no exercício da Medicina, entender melhor até mesmo o mecanismo fisiopatológico do desenvolvimento de uma determinada doença, além de todas as outras contribuições que extrapolam o âmbito acadêmico.

Quando você desenvolve bem o seu senso crítico, você consegue analisar melhor tudo aquilo que ocorre ao seu redor. Dessa forma, você desenvolve o seu próprio pensamento e posicionamento sobre os mais diversos temas. A partir disso, você constrói a sua identidade. A redação não ajuda apenas no âmbito acadêmico, mas na vida.”

 

-Medicina na USP

“Estou amando o curso de Medicina e a USP, embora seja um pouco diferente essa experiência de começar o ano de calouro cheio de expectativas, muito feliz pela aprovação, e logo depois ver as aulas sendo suspensas.

Em meados de março, tivemos a semana de recepção dos calouros, que foi organizada pelos nossos veteranos, para tentar passar um pouco de todo carinho e amor que eles já têm pela faculdade. A gente se sentiu muito acolhido e feliz por pertencer àquele espaço e por enxergar, assim como os nossos veteranos, a faculdade como uma segunda casa.

É muito bom sentir que temos uma segunda família, onde temos o apoio de pessoas que realmente se preocupam com a gente, apesar de não termos com os professores uma proximidade tão grande como havia no tempo da escola.

A USP é um ambiente muito democrático. A universidade traz uma proposta de buscar ampliar a diversidade dos alunos, principalmente por conta das vagas destinadas a cotas, e também pela disponibilização de mais vagas pelo SiSU, que permite que mais alunos de outros estados possam concorrer às vagas sem precisar se deslocar para fazer as provas.”

 

-Conquista

“Fiquei muito feliz quando soube do resultado e que tinha passado no curso da universidade que eu queria. Fiquei feliz por ter feito isso da melhor forma que podia, por concretizar esse sonho sem deixar de lado a minha saúde física e mental, as minhas amizades e minha família.

Dei o melhor de mim e consegui equilibrar bem os estudos com outras coisas que me faziam bem, que me deixavam feliz, como sair com os amigos, descansar, dormir, ler, ver séries. Consegui fazer tudo isso e alcançar o resultado que eu queria. E foi muito bom poder dividir essa conquista com as pessoas que são importantes para mim.”

 

-Pandemia

“Assim que as aulas foram suspensas, o que ocorreu no final da segunda semana de aula, a recomendação da faculdade foi que as pessoas que fossem de outros estados tentassem voltar para as suas respectivas regiões, pois a previsão inicial era de que não teríamos nenhuma atividade presencial até maio. Começamos a ter o ensino a distância no final de março e isso vem se estendendo até agora, trazendo novas responsabilidades, tivemos que desenvolver novas habilidades e lidar com novas situações.

Imagino que também esteja sendo complicado para o pessoal que está agora na 3ª série, pois a gente cria uma grande expectativa em relação ao Terceirão. Temos que lidar com as nossas inseguranças, incertezas, com o estresse de não conseguir fazer algumas coisas devido à pandemia. Não sabemos quando as coisas voltarão ao normal. É uma realidade bastante distinta.

O que acho mais importante é saber que uma hora as coisas vão melhorar, que não é porque estamos tendo essa realidade diferente que a gente não precisa se preocupar com o que a gente sente. Nem toda hora é boa para a gente estudar, pois quando estamos muito cansados não conseguimos render bem.

Na 3ª série, a gente acha que precisa estudar o tempo todo, muitas vezes nos comparamos com pessoas que estudam não sei quantas horas por dia, mas a rotina de estudos é muito particular, pois cada um tem um jeito de lidar com os estudos.”

 

-Isolamento social

“Às vezes, a gente não se sente bem para estudar, é um contexto muito diferente, nos sentimos angustiados por conta do isolamento social. Gostaria muito de ter uma solução, de ter uma receita que as pessoas pudessem seguir, mas quero frisar que é normal se sentir inseguro, improdutivo ou perceber que a gente não consegue fazer tudo que gostaria.

A universidade tem inúmeras oportunidades, sinto que estou perdendo um pouco essa vivência de calouro, muitos companheiros meus também comentam sobre isso, mas temos que lidar com isso. E ter a certeza de que os professores estão tentando nos ajudar da melhor forma possível e garantir o nosso aprendizado, mesmo que também esteja sendo difícil para eles.

Mesmo a distância, é importante criar um canal de comunicação, tentar conversar com os amigos, fazer uma chamada de vídeo para ver outras pessoas. Se dedicar a estudar, mas sem se obrigar a ser produtivo em um momento em que você está mal, tentar fazer algo para se sentir bem.

Quando conseguir se sentir melhor, volte a estudar e aproveite essa energia para se dedicar a uma matéria que você percebeu que não aprendeu direito. E lembre-se que existem muitos professores que estão disponíveis para ajudar nessas situações.

O professor Diogo, de Biologia, por exemplo, me ajudou muito ao longo de todo esse processo de aprovação no vestibular e entrada na universidade.”

 

-Desafios

“A exigência de se manter produtivo pode acabar atrapalhando. Às vezes, não estou com cabeça para estudar, mas ao mesmo tempo não consigo descansar, pois penso que deveria estar estudando. Acabo não fazendo nenhuma das duas coisas.

Eu também costumava sentir isso na 3ª série, não conseguia separar de uma forma muito adequada o tempo que deveria ser destinado ao estudo e o tempo que a gente precisa para relaxar.

Esse é um dos principais fatores que acho importantes ao longo da preparação para o vestibular. Conseguir entender que a gente não precisa ser uma máquina que estuda o tempo todo. Cada um precisa entender quais são os seus limites para conseguir lidar com todas as questões que envolvem os estudos para o vestibular.”

 

-Experiências no Terceirão

“Uma coisa que eu pensava muito quando estava na 3ª série era que precisa aproveitar aquele ano não apenas para estudar, mas também para aproveitar aqueles momentos com os meus amigos, pois não os teria por perto no ano seguinte.

Também acho importante perceber que a nossa vida não se restringe ao estudo. Não se sai melhor, necessariamente, aquele que estuda mais. Para mim, é muito mais importante e eficaz conseguir aproveitar bem aquele tempo ao qual você decide se dedicar ao estudo. Se você está no seu momento de estudo, tente se desligar de outras distrações.

Se você decide descansar, não precisa ficar se cobrando, se sentir culpado porque deveria estar estudando, pois esse sentimento gera muita angústia e insegurança. Temos que estar bem para conseguir render melhor. Tempo não necessariamente significa rendimento ou produtividade. É melhor você dormir um pouco mais, se isso te fizer estudar com mais qualidade, do que ficar virando noite, sendo que no final do dia você não conseguirá nem entender o que está lendo.”

 

-Autoconhecimento

“Muitos falam que a 3ª série é o momento de se matar de estudar, que você não consegue sair com os amigos, que precisa virar a noite, se dedicar integralmente a passar no vestibular. Mas eu não sou muito adepto desse discurso. Acho que o mais importante quando o aluno chega à 3ª série é aprender mais sobre si mesmo, se conhecer melhor, construir uma relação de confiança em relação ao próprio desempenho, treinar o tempo de resolução de questão, treinar o nervosismo pela prova, conseguir estabelecer metas para serem seguidas.

Você precisa conhecer qual método de estudo funciona melhor para você, qual rotina faz mais sentido, quais são as matérias que necessitam que você se dedique mais, o que você tem mais facilidade de aprender, o que você pode fazer para ficar mais tranquilo na hora da prova, conseguir tomar decisões melhores e lidar melhor com o tempo.

A parte de conteúdo não é mais importante que a parte psicológica. Não adianta saber toda matéria, se no dia da prova você não consegue aplicar os conhecimentos.

Sempre pensar que você é capaz, que pode conquistar os seus sonhos e que não vale a pena se deixar abater por algum comentário negativo, por desesperança ou por pressão. É importante encontrar um caminho que faça sentido para você e que te faça bem.”

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