“Os laços construídos na ESD são muito importantes para mim”

Primeiro colocado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Espírito Santo e em 52º lugar no Brasil, o nosso ex-aluno Paolo Gripp Carreño destaca o importante papel que a ESD teve na sua trajetória escolar.

“Na ESD, aprendi coisas que não se aprende só nos livros, coisas relacionadas à vivência humana. Os laços que foram construídos são muito importantes para mim. Espero continuar mantendo contato com todos da Escola e visitá-los sempre que puder”.

Na segunda parte do nosso bate-papo com Paolo, ele também fala da sua rotina de estudos e da vida acadêmica, entre outros assuntos. Confira!

 

Rotina de estudos

“Não há uma receita, não tem nada especial que eu faça e que, replicando, outras pessoas possam ter o mesmo resultado porque as dificuldades, facilidades e formas de aprendizado são diferentes para cada um.

Cada pessoa tem matérias com as quais têm mais ou menos facilidade ou afinidade, assuntos pelos quais têm muito interesse ou nem tanto, conteúdos que representam um grande desafio ou que dão prazer na hora de estudar.

Algumas formas e técnicas de estudo fazem sentido para algumas pessoas e para outras não. Algumas pessoas conseguem aprender melhor vendo uma videoaula de um assunto que o professor já explicou na escola, outras preferem prestar mais atenção durante a aula do professor e ler um resumo em casa.

Algumas pessoas precisam ler o capítulo e tentar assimilar, fazer um resumo, escrever. Outras pessoas aprendem melhor explicando o resumo para si mesmas em voz alta, ou tentando explicar para algum conhecido, pois aprendem mais quando estão tentando ensinar.

Algumas pessoas conseguem aprender melhor resolvendo exercícios e identificando quais são as suas dificuldades e depois revisando uma parte da matéria, quando necessário. Tem pessoas que preferem fazer fluxograma, fazer um raciocínio esquematizado, pois dessa forma é possível associar vários assuntos diferentes e organizar bem as ideias que foram apreendidas. São questões que dependem bastante de pessoa para pessoa, do mesmo modo que o tempo de estudo também varia muito.”

 

Relação com a ESD

“Entrei na ESD em 2006 e fiquei até 2019. Foi na Escola que fiz as maiores amizades que trago hoje para a minha vida. Sempre me senti muito próximo, querido e acolhido por todos os professores, que sempre me apoiavam quando eu precisava. Muitos me estimularam muito a continuar aprendendo e tendo interesse pelas suas matérias.

Posso citar o Luiz Antônio, de História, a professora Fabiana, de Literatura, o professor Diogo, de Biologia, o Flávio, de Geografia. Muitos professores foram extremamente importantes ao longo desse tempo.

A professora Alessandra, de Português, por exemplo, fez eu me apaixonar por conteúdos que muitas pessoas não gostam, como figuras de linguagem e orações subordinadas. Foi a partir daquele momento que comecei a me apaixonar ainda mais por Português e tenho gostado muito de trabalhar com isso no cursinho popular que temos na universidade, o MedEnsina, em que sou instrutor de Redação e preparo aulas. É interessante olhar para o passado e ver como esses professores me ajudaram a ponto de eu querer passar o que aprendi adiante.

Na ESD, aprendi coisas que não se aprende só nos livros, coisas relacionadas à vivência humana. Os laços que foram construídos são muito importantes para mim. Espero continuar mantendo contato com todos da Escola e visitá-los sempre que puder, transmitir um pouco do que foi essa experiência para mim.”

 

Dedicação

“Na Escola, eu não tinha muita dificuldade com uma matéria específica. Eu gostava muito de estudar, de aprender, mesmo que determinadas partes do conteúdo nem fossem tão divertidas assim.

Adorava entender como o organismo funcionava do ponto de vista da Biologia, como vários aspectos se relacionavam no âmbito das Ciências Humanas, entender como seria possível chegar ao mesmo resultado por contas diferentes na Matemática, ou como determinado fenômeno na Física poderia ser entendido sob pontos de vista e caminhos diferentes.

Eu gostava muito de aprender essas conexões, de estabelecer essas relações e interações entre as matérias e de não enxergar uma matéria como algo que estaria isolado por si. Nunca aprendia uma coisa e guardava na gaveta. Eu tentava manter aquilo, de certa forma, fresco.

Também nunca deixei de aprender uma matéria porque pensava aprender depois, ou nunca estudei só para resolver uma prova específica para conseguir tirar nota para passar. Sempre que me propunha a fazer alguma coisa, eu tentava fazer da melhor forma possível, fosse um trabalho, um dever de casa, uma resposta na prova.

Eu nunca tinha pressa para terminar a prova logo, normalmente ficava até o último minuto. Se dessem um tempo adicional, ficava até o final. Não que eu não soubesse a matéria, mas porque eu ficava mais tranquilo sabendo que tinha feito o melhor que podia fazer naquele momento.

Acredito que ter tido esse comportamento ao longo de toda a minha vida escolar tenha me ajudado muito a não precisar me matar para estudar um conteúdo específico na 3ª série porque, muitas vezes, era só revisar algo que eu já tinha aprendido bem em anos anteriores.

Nunca passei de ano sem estudar direito uma determinada matéria, tendo negligenciado algum conteúdo só porque não gostava. Eu também não tinha pretensão de apenas conseguir uma determinada nota mínima para conseguir passar de ano, eu realmente tentava aprender cada matéria, pois gostava de entender como as coisas se relacionavam, gostava de me dedicar a tudo que me propunha a fazer e percebo que isso me ajudou muito.

Não precisei me sobrecarregar no Ensino Médio ou no último ano na Escola para conseguir chegar ao resultado que eu desejava e que nem sempre era tão claro para mim. Não sabia se faria Medicina, se eu tentaria algum outro curso, mas tentava aproveitar cada momento para estudar cada matéria porque gostava de entender o que estava fazendo e porque estava fazendo.”

 

Participação em olimpíadas

“Sempre participava das olimpíadas de Matemática, Física, Química, Astronomia e Astronáutica. Essas olimpíadas eram um incentivo ainda maior para eu estudar essas matérias, mesmo que os professores ainda não estivessem explicando o assunto naquele momento, mas eles sempre estavam dispostos a me ajudar.

Quando cheguei à 3ª série, tinha muita coisa que eu já tinha visto, ou porque tinha aprendido bem aquela matéria ou porque, por conta própria, com apoio dos professores e a participação nas olimpíadas, eu já tinha aprendido um conteúdo que a gente ainda não tinha estudado no horário regular.”

 

Conhecer as provas

“O que conquistei até aqui não foi construído só na 3ª série. Todo trabalho feito ao longo dos outros anos me ajudou muito. Também não foi só uma construção minha, tive muito apoio dos professores, de toda a ESD, que sempre me incentivou a estudar, a participar de olimpíadas e outras atividades.

No meu caso, me dediquei muito a fazer exercícios. A partir dos exercícios, eu identificava meus pontos fracos e ia me familiarizando com os tipos de provas. Eu já conhecia bem as provas do Enem, da Fuvest e da Unicamp, por exemplo.

Eu prestava bastante atenção nas aulas e fazia as anotações necessárias. Quando chegava em casa, se preciso, folheava as anotações e as apostilas, resolvia os exercícios e via se eu tinha aprendido bem a matéria ou se precisava solidificar melhor o conteúdo.

Às vezes, eu deixava matéria acumular, isso é normal na vida do estudante. Lembre-se que a aprovação no vestibular depende do seu estudo e não de você completar toda a apostila. Como eu percebi que me ajudava muito resolver os exercícios, eu deixei um pouco de lado a apostila no segundo semestre e foquei em resolver provas antigas.

Resolvi vários simulados e provas antigas e tracei minha estratégia com base nas dificuldades que percebia ao fazer os exercícios. Resolver as questões também me ajudava a treinar o tempo e a me sentir mais seguro e confiante na hora da prova, pois eu já tinha resolvido exercícios parecidos e aquilo não era uma grande surpresa para mim.

Com isso, consegui um resultado muito bom nos vestibulares que eu tentei. Na Unicamp, consegui fazer 80 de 90 questões na primeira fase. Na Fuvest, fiz 81 de 90 questões. No Enem, fiz 39 questões de 45 em Linguagens, 38 de 45 em Humanas, 39 de 45 em Ciências da Natureza e 44 de 45 em Matemática. E esse bom resultado foi por conhecer a prova que estava fazendo.

É importante ficar atento, pois muitos erros, principalmente em Matemática e Ciências da Natureza, são fruto de falta de atenção em alguma parte do enunciado. E você só consegue identificar tudo isso treinando, treinando e treinando. Assim, você verá quais são os assuntos que mais caem e o que você precisa estudar mais.”

 

Prova do Ifes

“No 9º ano, me preparei para fazer a prova de ingresso no Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo). Era uma prova bem concorrida e difícil, eu nem sabia se eu queria estudar lá, nem se queria seguir Engenharia no futuro. Mas, mesmo assim, resolvi fazer. E resolvi fazer da melhor forma possível, sem pensar em alcançar um resultado específico, ou em conseguir uma colocação determinada. Não estava preocupado com o resultado, mas sim em me dedicar da melhor forma possível, independente do resultado, e depois ter a tranquilidade que tinha feito o que podia dentro dos meus limites.

Foi muito bom, pois consegui revisar muita matéria que tinha visto ao longo do Ensino Fundamental, consegui adiantar algumas coisas de Física, Química, Matemática, pois o Ifes é muito voltado para a parte de Exatas. Consegui aprender muito melhor a resolver prova, a manter a tranquilidade na hora de resolver a prova, a lidar melhor com o tempo. Passei em um cursinho pré-Ifes, consegui bolsa, depois consegui continuar nesse cursinho aproveitando da melhor forma possível.

Fiquei em 1º lugar geral no Ifes, mas decidi não estudar lá. Eu gostava muito da ESD, já conhecia os professores, grande parte dos meus amigos era da ESD, eu não sabia se queria continuar fazendo quatro anos de Ensino Médio integrado ao técnico, como seria no Ifes. E não sabia se lá teria uma preparação tão boa para outras partes não relacionadas à área de Exatas, como Humanas ou Linguagens, e eu sabia que teria essa boa preparação na ESD. Então, continuei na Escola e fiquei muito feliz com a decisão.

Mesmo escolhendo não entrar no Ifes, participar de todo esse processo de preparação, revisar toda a matéria do Ensino Fundamental, me aprofundar em alguns conteúdos, construir mais prática de resolução de exercícios, me sentir mais confiante e seguro na hora da prova, aprender a resolver questões, tudo foi muito importante para mim ao longo do Ensino Médio. Foram conhecimentos que consegui aproveitar e que não deixei de lado só porque não entrei no Ifes.”

 

Olimpíada jurídica

“Na 1ª série, participei de uma olimpíada escolar jurídica. O nosso professor de Filosofia e Sociologia montou um grupo e tivemos que fazer uma prova on-line que continha umas perguntas relacionadas às disciplinas de História e Geografia, questões de poder, geopolítica, atualidades, filosofia e questões mais voltadas para o Direito. Depois, resolvemos umas questões discursivas e tivemos que fazer a apresentação de um caso na Faculdade de Direito de Vitória. Teve uma sabatina e conseguimos o 2º lugar.

Mesmo que eu não tenha escolhido Direito, esse trabalho foi muito importante para mim, pois consegui desenvolver mais a minha habilidade de comunicação, de trabalhar em equipe, trabalhei melhor minha argumentação, minha capacidade de defender um determinado ponto de vista, de enxergar realidades e pontos de vista diferentes. Foi muito bom!

A redação também ajuda muito nesse sentido, assim como os seminários de Literatura que fazíamos na ESD. Eles eram muito bons para conseguirmos analisar de forma crítica uma determinada obra sobre várias perspectivas. A Escola me ajudou muito também nesse sentido.”

 

Escolha por Medicina

“Por eu gostar de muita coisa, ficava muito inseguro com relação a que área escolher. Já cogitei fazer Direito, Economia, Filosofia, Ciências Políticas, História, Engenharia da Computação, Engenharia Elétrica e muitos outros cursos. No final, optei por Medicina. Estou gostando muito do curso, sempre fui fascinado em entender como funcionava o organismo. Estou muito empolgado com a universidade e com saudade das aulas presenciais.

Ainda não sei qual especialidade vou escolher, mas tem muitas coisas que me interessam, como cardiologia, neurologia, imunologia, genética, a parte de reprodução. Tem a parte de pesquisas voltadas para genética, doenças neurodegenerativas, biologia do câncer ou células-tronco, são várias linhas que acho muito interessantes. Tem também pesquisas sendo feitas com nanorrobôs, que integram conhecimentos de engenharia. São muitas possibilidades, assim como havia no Ensino Médio.

A Medicina oferece vários campos de atuação. Você pode trabalhar diretamente com o paciente, seja na parte clínica ou cirúrgica, você pode trabalhar mais na parte administrativa, com gerenciamento de hospitais, planejamento de estratégias públicas de saúde, ou na parte de vigilância epidemiológica, de contenção de doenças. Pode trabalhar no âmbito acadêmico ou analisando exames de imagens ou laboratoriais, pode atuar na parte de medicina legal.

A parte de pesquisa também é vasta. Parece um ramo muito gratificante, especialmente na USP, que foi considerada, em um ranking elaborado em julho deste ano, a sétima universidade que mais produz pesquisa no mundo. No quesito impacto científico, a USP ficou à frente de instituições muito renomadas internacionalmente, como John Hopkins University, Stanford, Oxford e Cambridge. Estou muito feliz por estar aqui na USP fazendo o curso que eu queria, depois de toda essa trajetória que tive com a ajuda da ESD.”

 

Vida acadêmica

“Estou muito feliz por todas as oportunidades que tenho na USP, não apenas no âmbito acadêmico, mas também na parte de pesquisa e de outras atividades extracurriculares que integram a vida do universitário e que não dizem respeito somente ao ensino.

No curso de Medicina da USP, existem várias extensões, grupos de apoio a minorias, grupos de teatro, dança e música. Existem mais de 80 ligas acadêmicas, o Jornal Bisturi, uma revista de medicina, existe uma extensão médico acadêmica em que você já faz alguns atendimentos, discussões de casos. Existe expedição cirúrgica para treinar técnicas cirúrgicas e acompanhar algumas cirurgias no interior e treinar procedimentos mais simples.

Tem um grupo chamado MedAlegria, formado por alunos que alegram crianças em hospitais. Tem associação atlética acadêmica, com diversas modalidades esportivas.

Eu participo do MedDança e do MedEnsina, em que sou tutor de Redação e fico como plantonista tirando dúvidas. Agora, nessa fase a distância, temos feito aulas on-line.

Além disso, algumas ligas acadêmicas têm oferecido cursos on-line e estou fazendo curso de introdução ao manejo de insuficiência cardíaca e cirurgia vascular e endovascular. São muitas oportunidades dentro da instituição.”

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